O universo de um jeito que você nunca viu...: Seria Europa um berço de vida ?!

sábado, 8 de agosto de 2009

Seria Europa um berço de vida ?!


Depois de falar tanto das evidências de Marte abrigar vida chegou a vez de mudar um pouco. Desta vez falarei sobre Europa, uma lua de Júpiter.
Quando diga vida, não pensem em animais, ou alieníngenas dançando funk numa micareta intergalática, nosso estudo quanto a isso é bem primitivo. Nós ainda estamos Descobrindo possíveis lugares que podem ter bactérias.
Bem, Europa é uma lua de Júpiter. Ela faz parte do quarteto chamado de "Luas Galilelianas", luas que foram descobertas por Galileu em 1610.
Se Europa orbitasse o Sol facilmente poderia ser classificada como um planeta com suas dimensões estonteantes para suas condições.
Europa tem um aspecto bem exótico, ela é cheia de linhas que se encruzam e quase não tem crateras nem relevo vertical, aspecto totalmente incomum.
Acredita-se que ela tem uma camada de gelo que pode variar entre 5 e 9KM e abaixo disso um oceano de 50KM de largura.

Geologia:
A composição de elementos de Europa é semelhante aos planetas telúricos (Mercúrio, Vênus, Terra e Marte) e é principalmente constituído de rochas de silicato. O raio de Europa é de 1565KM e é um pouco menos que o Raio da nossa Lua. O núcleo é metálico composto por ferro e níquel, rodeado por uma concha de rocha, que por sua vez é rodeado por uma camada externa de água que se pensa ter 100 km de profundidade (alguma dessa água está gelada na camada superficial da crosta, e alguma como um oceano de água líquida por debaixo do gelo)

Topografia:

A superfície de Europa é bem plana, poucos são os elementos com mais de 10M de altura, os raros elementos na superfície de Europa com mais de 10KM são icebergs encalhados constituídos principalmente por amônia e água.


De dentro para fora: Núcleo; camada rochosa; oceano, gelo e superfície.

A superfície de Europa é bem jovem e ativa, baseado em estimativas de bombardeamentos por cometas, Europa provavelmente tem uma superfície que não tem mais de 30 milhões de anos.
Um choque de um meteorito de dimensão algo considerável que possa ter ocorrido desfez em pedaços de gelo parte da capa de gelo e espalhou em redor a água retida por baixo. Ao voltar a congelar, esta apagaria qualquer traço desse encontro. As maiores crateras parecem estar cobertas por gelo liso e fresco e são poucas as que têm mais de 30 km e têm a aparência de fendas na camada de gelo. As maiores crateras são Taliesin, Pwyll e Midir, todas com diâmetros entre 37,4 e 50 KM.


A cratera Pwyll. A cratera tem cerca de 40 km de diâmetro

Outra característica que tem de se levar em conta em Europa são suas linhas. Algumas variam de 1000 KM de comprimento e algumas centenas de KM de largura.
Estas linhas lembram as quebras nas formações de gelo no mar na Terra, e observações posteriores mostraram que as zonas onde a crusta se quebra, ambos os lados moveram-se um em relação ao outro como acontece nos mares gelados da Terra, indicando água líquida por debaixo. As bandas maiores têm 20 km de diâmetro com cantos externos difusos, com estrias regulares e uma banda central de materiais mais leve que se pensa serem produzidos por um número de erupções de água ou géisers assim que a crusta europeana se abria e expunha as camadas mais quentes por debaixo. O efeito é semelhante ao que acontece nos ridges oceânicos da Terra. Estas fracturas pensa-se que sobem e descem 30 metros dependendo da maré-cheia ou baixa.
Já que Europa está sempre com a mesma face voltada para Júpiter, deveriam formar padrões diferentes e previsíveis. Contudo, só as fendas mais recentes têm o padrão esperado; as outras fendas parecem ter ocorrido a orientações cada vez mais diferentes quanto mais velhas são. Isto pode ser explicado caso a superfície de Europa roda um pouco mais rápido que o seu interior, um efeito que é, possivelmente, devido ao oceano sub-superficial. Comparações entre as fotos da sonda Voyager e da Galileo sugerem que as crusta roda não mais que uma vez em cada 10000 anos relativamente ao seu interior.

A estranha superfície de Europa com as suas linhas que indicam um oceano gelado por debaixo.

Clima e Atmosfera

Observações recentes feitas pelo Telescópio orbital Hubble revelam que Europa tem uma atmosfera ténue (1 micropascal de pressão atmosférica à superfície) composta de oxigênio.

De entre todas as luas do sistema solar, só seis têm atmosfera: Io, Calisto, Encélado, Ganímedes, Titã e Tritão. Ao contrário do oxigénio da atmosfera terrestre, o oxigénio em Europa não deve ter certamente origem biológica. É provavelmente gerado pela luz do sol e partículas carregadas que atingem a superfície gelada produzindo vapor de água que subsequentemente se divide em hidrogênio e oxigênio. O hidrogénio escapa à gravidade de Europa por causa da sua massa atómica muito pequena, deixando para trás o oxigénio.

Em algumas áreas conseguiu-se observar uma espécie de nuvem, talvez névoa de gotas de amônia. A temperatura à superfície de Europa é de -163ºgraus no equador e de apenas -223ºC graus nos pólos.

Hidrografia:

A quando da passagem das sondas Voyager, as imagens mostraram uma superfície inesperada e sem muitas marcas de impacto. O gelo que cobre a superfície assemelhava-se muito ao gelo que cobre os oceanos polares da Terra, o que levantou suspeitas entre os cientistas sobre um possível oceano por debaixo da capa de gelo.

Conamara Chaos é uma região de terreno caótico que foi produzida por derretimento de gelo. A região consiste em placas de gelo que se movem e rodam. À volta destas placas há uma região caótica de blocos de gelo, que podem ter sido formados a partir de água ou gelo quente que fluiu de baixo para a superfície.

A região de Conamara Chaos é vista como uma prova para a existência do oceano por baixo da capa gelada que envolve todo o globo de Europa. Conclui-se assim que era provável a existência de água líquida no passado, mas não se sabe ao certo se existe um oceano líquido na contemporaneidade.

A cratera Pwyll é uma cratera jovem e tomou o nome de um deus celta do submundo. As áreas brancas que irradiam da cratera são áreas jovens que se quebraram com o impacto e voltaram a congelar, tapando novamente o oceano debaixo da superfície.

A 2 de março de 1998, a NASA anunciou que a sonda Galileo descobriu fortes evidências do que se julgar ser um oceano salgado por debaixo da superfície, o que fortaleceu as suspeitas anteriores. Provas espectrográficas mostraram que as raias vermelhas escuras e as características na superfície são ricas em sais tais como sulfato de magnésio, depositados por água que evapora que emerge do interior. Contudo, estes sais são incolores ou brancos quando puros, algum outro material deve estar presente para dar a cor avermelhada. Suspeita-se que sejam compostos sulfúricos ou ferrosos.

Devido às temperaturas extremamente baixas, o gelo é tão duro como rocha e deve ter uma espessura de 10 a 30 km cobrindo toda a superfície, o que indica que o oceano líquido pode ter até 90 km de profundidade.

Europa poderá ter um oceano por debaixo da capa gelada.


O terreno caótico de Conamara Chaos é visto como uma prova da existência de um oceano oculto debaixo do gelo.


Vida em Europa


Suspeita-se que a vida extraterrestre possa existir no oceano por baixo do gelo, talvez subsistindo como os seres vivos que vivem em condições semelhantes na Terra, já que Europa tem elementos essenciais para a vida como a conhecemos: água e calor e compostos orgânicos. Ou seja, em respiradouros hidrotermais como no fundo dos oceanos ou como no Lago Vostok da Antartida.

No Atlântico e no Pacífico existem os repiradouros hidrotermais, estas zonas têm o seu próprio ecossistema que suporta organismos como vermes-tubo gigantes, caranguejos brancos cegos, e muitos camarões.Estes animais vivem destas fontes hidrotermais superaquecidas e sulfurosas e não necessitam do sol. A ideia de algo assim em Europa tem sido discutido pelos cientistas, e esta lua é capaz de ter um ecossistema semelhante onde vida extraterrestre pode existir.

Na camada exterior de gelo de Europa destacam-se zonas raiadas de cor avermelhada. Duas bactérias extremófilas terrestres que foram testadas pela NASA poderiam viver nesse oceano, e são espécies castanhas e cor-de-rosa, o que poderia explicar a cor avermelhada.

A bactéria extremofila chamada Deinococcus Radiodurans consegue sobreviver à radiação ultravioleta do espaço, a ambientes extremamente frios e oxidativos, assim como severamente ionizados e vácuo. Esta bactéria foi ainda exposta a testes contendo concentrações bastante altas de sulfatos de magnésio e ácido sulfurico, condições que são esperadas em Europa.

No entanto, nenhum extremófilo da Terra poderia viver na superfície de Europa, mas poderia viver no suposto oceano. Os organismos poderiam viver no oceano e serem lançados por uma espécie de erupção para a superfície e congelados de imediato. A diferença de assinaturas em infravermelho entre os microorganismos testados e Europa poderia ser explicada pela radiação que a lua recebe. No entanto, apenas com uma missão que pouse na superfície é que seria possível verificar a veracidade desta experiência.

Vermes-tubo gigantes vivendo num respiradouro hidrotermal no fundo dos mares da Terra.

O "passeio"

De forma a se poder saber mais sobre este mundo diferente, foram propostas algumas ideias ambiciosas, uma delas é uma grande sonda que funcionaria a energia nuclear e que derreteria o gelo até atingir o oceano por debaixo da superfície gelada. E, depois de atingida a água, lançaria um veículo subaquático, que compilaria informação e a enviaria de volta para a Terra. No entanto, esta proposta ainda está numa fase embrionária.

O Artemis Project desenhou um plano para colonizar Europa. Os cientistas habitariam iglus e perfurariam a crosta gelada de Europa, explorando qualquer oceano por debaixo da superfície. Discutiu-se o uso de "bolsas de ar" para habitação humana. A exploração do oceano poderia ser levado a cabo com submarinos.

Existem algumas dificuldades relacionadas com a colonização de Europa, um problema significativo é o elevado nível de radiação de Júpiter, aproximadamente dez vezes mais forte que os anéis de radiação de Van Allen da Terra. Um humano não sobreviveria na superfície ou perto desta por muito tempo sem um escudo de radiação massivo.

Visão artistica do Cryobot e do Hydrobot que no futuro poderão explorar o oceano de Europa.


Detalhes da imagem: Visão de Europa como um todo, um belo papel de parede.


Obrigado pela atenção!!!

Um comentário:

  1. hummm... legal. Só não falou nada a respeito da baixa gravidade, oq seria uma das principais barreiras para a colonização de Europa.

    Mas acho que esse projeto da nasa vai sair em breve, cerca de uns 100 anos à frente de hoje. Quem sabe encontram um ecossistema complexo no interior do planeta. E com certeza se isso acontecer vai ter vida muito diferente do que nós podemos imaginar. Inclusive vida microbiologica, que pode nem ser detectada com a nossa tecnologia atual.

    Mas, é divertido imaginar.

    Boa matéria meu caro!!!

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